O presidente nacional do PT, Rui Falcão, assim como outros dirigentes do partido, defendeu na noite desta terça-feira (14) a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, após Dilma Rousseff concluir seu mandato. “Sabe o que o pessoal diz no interior, quando você viaja para outros Estados? Dizem: ‘Olha, tudo isso que está acontecendo a gente até entende, que haja corrupção nós já estamos acostumados, o problema é impedir a volta do Lula em 2018, é disso que se trata. Porque a volta do Lula não é questão de messianismo, nem de salvação nacional, é a continuidade de um projeto que precisa avançar'”, disse.
Falcão participou de um ato “em defesa da democracia”, ao lado de outros dirigentes petistas, políticos do PCdoB, do PDT, e de lideranças de movimentos sociais e sindicais. Além dele, o secretário de comunicação José Américo e o presidente paulista do PT Emídio de Souza também tinham feito referências à volta de Lula em 2018.
O dirigente, que esteve em reunião na tarde de terça-feira, com Lula, Dilma e ministros, disse que foi discutido no encontro a importância de manter a base do governo no Congresso unida, para assegurar um “julgamento decente no TSE e no TCU para que o mandato (de Dilma) não seja afetado”. Ele argumentou porém que a articulação deve ir além de Brasília, com movimentos sociais. “Aqueles que podem garantir o mandato popular da presidenta Dilma é o povo brasileiro. Não só a esquerda, que é o núcleo desse movimento, mas também todas aquelas forças que tem interesse na defesa da democracia.”
Comparação
Falcão se atrapalhou ao comparar a tentativa de setores da direita de derrubar Dilma com o impeachment de Fernando Collor de Melo. “Não se esqueçam companheiros e companheiras, que gritamos Fora, Collor e gritamos fora, FHC. E o ex-presidente Collor saiu da Presidência num processo legal, dentro da democracia, e é isso que eles pretendem fazer agora: expelir a Dilma dentro de um processo democrático.”
Na sequência, Falcão emendou que a democracia brasileira é imperfeita, em grande parte, por causa do “monopólio da mídia”, que a seu ver é o principal partido de oposição no país. “Nós temos uma democracia imperfeita ainda, que queremos reformar e está regredindo, garantindo financiamento empresarial, reduzindo tempo de TV, reduzindo a participação mulheres na vida política, reduzindo a maioridade penal. Estamos perdendo sucessivamente, e é isso que precisamos reverter.”
Enquanto outros oradores da noite abusaram dos termos golpe e golpismo, Falcão preferiu a argumentação de que a democracia brasileira está regredindo e de que é preciso fazer manifestações de rua e articulação política para defender o legado de inclusão social dos últimos 12 anos e meio de gestão petista no governo federal. Ele também voltou a reclamar do Judiciário, em referência ao que petistas chamam de “seletividade” da operação Lava Jato. E afirmou que é preciso ter cuidado com os “embriões de estado de exceção dentro do Estado Democrático de Direito”.
Ainda em referência à Lava Jato, Falcão disse que está em curso um “movimento para paralisar o governo e prejudicar a economia”, movimento esse que em sua visão precisa ser combatido.
Do Estadão Conteúdo