Era para ser votada uma proposta que dobraria os rendimentos dos nove vereadores na Câmara Municipal de Santo Antônio da Platina, município paranaense de 40 mil habitantes, distante cerca de 360 km de Curitiba, na tarde da última quarta-feira (15). No entanto, a população conseguiu um feito histórico ao lotar o plenário em pressão sobre os políticos na sessão. Em vez do aumento de R$ 3,5 mil para R$ 7,5 mil em seus vencimentos, os vereadores aprovaram uma queda inédita de 73,78% em seus próprios salários, que passou para R$ 970 mensais.
Uma empresária se revoltou com o aumento e reclamou com os vereadores. A situação foi registrada em vídeo e as imagens se espalharam pela internet. A população acabou indo em peso à segunda votação e o projeto inicial de aumento de salários acabou alterado.
O projeto, com a emenda da alteração, foi aprovado por 7 votos favoráveis a 1 contrário e a terceira votação está marcada para a próxima sexta-feira (17), às 17h. Sem a emenda, o salário do presidente da Câmara do município saltaria dos atuais R$ 4,09 mil para R$ 8,5 mil, do prefeito iria de R$ 14,7 mil para R$ 22 mil, e do vice de R$ 8,5 mil para R$ 13,5 mil. Agora, os respectivos rendimentos deverão ser de R$ 970, R$ 12 mil e R$ 970.
Único a votar contra os cortes de salário, o vereador Sebastião Vitral dos Santos Furtado, o Santinho Furtado, disse que a emenda que reduz os vencimentos drasticamente é demagógica, e que em todos os anos que atuou na política, nunca viu uma situação parecida, onde os vereadores recuam da própria proposta de dobrar o salário e ainda o reduzem para o mínimo. Na mesma sessão, outro projeto que previa a elevação no número de vereadores de 9 para 13 foi retirado definitivamente da pauta.
Durante a discussão sobre a redução de salários, houve bate-boca entre políticos e muito barulho por parte dos cidadãos presentes. Alguns vereadores tentaram justificar a ideia de dobrar os salários, mas as pesadas vaias interromperam até suas argumentações. O projeto que previa dobrar salários chegou a ser aprovada em primeiro turno ocorrido na última segunda-feira (13), mas a mobilização popular foi mais forte. Organizado via redes sociais e nas vizinhanças, a população local se impôs e reverteu a tendência de aumento nos rendimentos de seus políticos. Imagine se a moda pegar no resto do Brasil?
Com InfoMoney do Tá No Site