
Quando avistei pela primeira vez uma mulher chamada “Pereira” na Paróquia Santo Antônio, em Guarabira, era um adolescente, ainda dando os primeiros passos na vida. A memória aponta para alguma atividade religiosa na qual ela se apresentou. Olhei, escutei, gravei. O tempo passou e essa tal “Pereira” não estava mais ali; eu também já não mais estava, a vida nos conduziu para caminhos bem distintos. Eis que um belo dia esse rosto foi me apresentado novamente, só que desta vez pelas redes sociais. Marcileide, minha esposa, fez algum comentário e me mostrou uma foto, logo as conexões foram refeitas.
Mais adiante chega a notícia da abertura de um novo supermercado em Guarabira e que a proprietária era a tal “Pereira”, aquela que conheci na igreja. Estava decretada a volta de Maria Pereira, contudo eu não sabia que seria tão intensa. A inauguração do Real Supermercado foi um sucesso. Me tornei cliente fiel de imediato. Porém, comecei a perceber que cada vez mais Maria Pereira estava “energizada”, sua vibração aumentava e os planos cresciam e não havia mais espaço para tempo ruim, tudo tinha uma solução e cada vez mais um novo empreendimento estava no forno, ela só falava em avançar.
Fiz muitas compras lá, até neste domingo (16), dia do seu falecimento. Encontrei muitas coisas nas prateleiras, mas há alguns dias não encontrei mais aquela garra transmitida no seu aperto de mão e olhar firme. Fui muito bem recebido, todavia não vi mais aquele sorriso estampado que irradiava satisfação em nossos encontros. Escutei muita gente, porém não escutei mais a sua voz rouca repleta de sinceridade e experiência. Enfim, a lacuna anunciava essa despedida.
Não bastasse nossos calorosos encontros e entrevistas na Rádio Guarabira FM – que ela fazia questão de dizer abertamente que era uma ouvinte assídua e fã das minhas mensagens – Maria Pereira me introduziu nos eventos da Rede Paraíba de Supermercados, passei a ser o apresentador das lives promocionais da rede de lojas que ela ajudou a fundar. Sua autenticidade e lealdade foram marcas registradas de nossa curtíssima convivência.
Estamos mais pobres. Maria Pereira foi grande em todos os sentidos e fará uma falta REAL. Até porque quando as pessoas são importantes elas são importadas para dentro da gente e imprimem nos seus negócios uma marca tão forte que cada espaço passa a ter sua cara, seu jeito, seu perfume, sua vida.
Rafael San