Não é de se estranhar que a qualidade do futebol do Botafogo tenha oscilado entre momentos bons e outros terríveis, nesta terça-feira, na vitória sobre o ABC, por 3 a 1, no Engenhão. Este Botafogo já trocou de técnico, trocou de dirigente — o vice de futebol renunciou — e até de filosofia. Em meio a tantas mudanças, é a cara de um time que busca seu rumo em plena disputa da Série B.Ao menos, o resultado colocou o time na terceira posição e interrompeu a incômoda sequência de quatro rodadas de tropeços.
Quando René Simões caiu, a justificativa era a necessidade de usar jovens. O interino Jair Ventura chegou a escalar cinco titulares com 23 anos ou menos. A pressão se revelou forte demais. Nesta terça-feira, o time de Ricardo Gomes tinha cinco jogadores com 30 anos ou mais. Os titulares com 23 anos ou menos eram só dois: Willian Arão, 23, e Neílton, 21.
Aberto, desorganizado na recomposição, o Botafogo cedeu a vantagem ao ABC aos 12 minutos, num contra-ataque em que os atacantes potiguares ganharam, no mesmo lance, as costas dos dois laterais alvinegros. O resultado foi o gol de Edno. Menos mal que, nos momentos de pressão, experiência costuma ajudar. Também não faz mal contar com a inabilidade do adversário. Como mostra a rebatida errada da zaga, que ofereceu ao uruguaio Navarro a cabeçada do gol de empate. Ou a saída de bola ruim do goleiro Saulo, acompanhada pela insegurança do lateral Marcílio. Daniel Carvalho aproveitou, tabelou com Neílton e deixou o jovem atacante livre para virar o jogo e fazer seu primeiro gol pelo Botafogo.
O meio campo com Diego Jardel e Daniel Carvalho tinha técnica, mas pouca dinâmica. O Botafogo teve pouco volume, em especial no segundo tempo. Menos mal que a qualidade ajudou a decidir o jogo, no passe de Daniel Carvalho para o segundo gol de Navarro, novamente de cabeça.
Em sua primeira vitória pelo alvinegro, Ricardo Gomes ainda colocou Elvis para tentar retomar o meio-campo. Mas a segunda etapa transcorreu, na maior parte do tempo, no campo defensivo alvinegro. Ainda que os sustos criados pelo ABC, 18º colocado, tenham sido raros.
Do O Globo