Em aproximadamente 40 dias, a fábrica de jogadores de Xerém colocou cerca de R$ 60 milhões no cofre do Fluminense. Esta é uma das maneiras de enxergar a venda de Gérson para o Roma, precedida pela venda de Kenedy para o Chelsea. A outra, é a receita infalível que dita os rumos dos jogadores revelados no país: a disparidade financeira entre os clubes brasileiros e os gigantes europeus, criando a sensação de que determinadas oportunidades são mesmo imperdíveis; some-se a isto o sonho dos jovens de atuar na Europa e, por fim, a necessidade de equilibrar contas das equipes nacionais.
Até dezembro, o Fluminense ainda poderá contar com seu meia de 18 anos, formando o setor ofensivo com os experientes Fred e Ronaldinho Gaúcho. Mas a vivência de Gérson no futebol brasileiro se encerrará aí. Ao fim da temporada, ele terá que se apresentar ao futebol italiano. Sábado, Gérson não vai enfrentar o Avaí, já que precisará viajar à Itália. Em seguida, retorna ao Rio para as 22 rodadas restantes do Campeonato Brasileiro, além das fases que o Fluminense disputar da Copa do Brasil.
Kenedy rendeu ao tricolor cerca de R$ 17 milhões, já que parte de seus direitos pertenciam a investidores. Com Gérson, a negociação foi um pouco mais sofisticada. O Fluminense já recebera cerca de R$ 12 milhões do Barcelona para garantir aos catalães uma prioridade sobre o jogador. Agora, diante da proposta do Roma, os espanhóis decidiram não exercer a preferência. Por contrato, o Fluminense terá que devolver o valor. O Roma pagará estimados R$ 62 milhões. Desde valor, pouco mais de R$ 43 milhões caberão ao tricolor, dono de 70% dos direitos do meia.
Havia no Fluminense a sensação de que as seguidas declarações do pai de Gérson sobre os rumos da negociações ameaçavam atrapalhar mais do que a definição do futuro do meia, mas também o lado emocional do jogador.
— Até para dar tranquilidade ao pai do jogador, era o momento de colocarmos a história em pratos limpos. Recebemos uma proposta do Roma. O Fluminense decidiu aceitar. O jogador e o pai do jogador conversaram com o Roma e também nos sinalizaram que aceitariam. Cumprimos a obrigação com o Barcelona e enviamos a notificação. O Barcelona não exerceu a preferência, e o Fluminense deu o ok para o Roma — explicou o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, que preferiu não revelar os valores da venda.
Especula-se na Itália que, por ser jovem, Gérson possa ser emprestado a outro clube do país, ao menos até o fim da temporada europeia, no meio de 2016.
O meia não treinou no campo ontem. Segundo o clube, a causa foi uma virose e não a negociação para a Itália.
Do O Globo