A Fifa marcou para o dia 26 de fevereiro do ano que vem a eleição para escolha do substituto do presidente Joseph Blatter, que renunciou ao cargo em junho. Blatter e outros altos dirigentes de todo o mundo estiveram nesta segunda-feira na Suíça para uma reunião do comitê executivo na sede da entidade, em Zurique, para definir o calendário do congresso que escolherá o próximo presidente da Fifa. Após o encontro, o dirigente deu uma entrevista coletiva em que afirmou que não iria tentar uma nova reeleição.
– Eu não posso ser o novo presidente, pois eu sou o antigo presidente – disse o dirigente, que está no comando da entidade desde 1998. – Eu também quero muito saber quem será o novo presidente da Fifa – completou o dirigente.
A coletiva de Blatter foi interrompida ainda no início quando o comediante inglês Simon Brodkin foi até a sua mesa e jogou um bolo de notas falsas de dólar. Após o protesto, ele foi retirado pelos seguranças.
Com a data da eleição marcada, Blatter ainda permanecerá no comando da Fifa por mais sete meses. No total, serão nove meses desde que ele anunciou que deixaria a entidade. Neste período, o dirigente disse que quer implementar as reformas na entidade. As reformas são consideradas uma resposta aos escândalos de corrupção que abalaram a Fifa e que levou sete dirigentes a serem presos no dia 27 de maio. Entre os presos, estava o ex-presidente da CBFJosé Maria Marin, que permanece detido na Suíça.
– É muito importante que as reformas propostas sejam implementadas até o dia 26 de fevereiro – disse o dirigente, que disse que a Fifa passou por um tsunami em maio.
– Às vezes tenho a impressão de que, nesse tsunami de 27 de maio, as ondas quase me levaram. Não mesmo, ainda estou aqui, sentado, mas poderia estar em pé ali (no púlpito onde anunciou que abriria mão do seu mandato). Depois de ser reeleito no Congresso no dia 29, a pressão que veio em cima da Fifa, de mim um pouco, mas da Fifa, não foi somente a pressão das autoridades, mas a interferência política, e de vocês, da mídia. Eu ainda sou jornalista. Sou de vocês. Dito isso tinha de fazer algo especial e eu fiz. Eu chutei a bola para fora do campo, para interromper algo. E foi isso que eu fiz no dia 2 de junho quando disse que colocaria o mandato à disposição, mas ainda sou o presidente eleito e hoje falo como presidente eleito.
A Fifa está sob investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, bem como de autoridades suíças, e também enfrenta crescente pressão dos seus principais patrocinadores, como Coca-Cola e McDonald’s, que pediram grandes mudanças na gestão da entidade.
Mudanças estas que Blatter garante estar tentando implementar. Ele disse que já havia proposto uma lei de redução dos mandatos de “todos os dirigentes e de todas as federações” para quatro anos, mas a Uefa queria que a lei valesse apenas para o cargo de presidente da Fifa. O dirigente disse ainda que um grupo de 11 pessoas será criado para reformular a Fifa.
– (As reformas) Estavam paradas desde 2011, decidimos retomar – disse o dirigente.
O suíço também afirmou que o comitê executivo da Fifa aprovou a publicação dos salários dos dirigentes, mas se recusou a dizer na coletiva qual seria o seu salário.
TRABALHO NO RÁDIO
Questionado sobre o futuro, Blatter disse que quer trabalhar em uma rádio quando deixar a Fifa.
– Gosto de fazer rádio. É mais fácil falar que escrever. Há tantas rádios no mundo. Estou certo que alguém vai querer escutar a minha voz.
Do O Globo