Uma família da cidade de Patos, no Sertão paraibano, viveu o drama de enterrar o corpo de uma mulher no lugar do de um homem da família que havia morrido com suspeita de Covid-19 no Complexo Hospitalar Regional Dep. Janduhy Carneiro de Patos (CHRDJC). Uma sobrinha do homem contou nesta terça-feira (12) que a família só foi avisada da troca dos corpos no dia seguinte ao sepultamento e o aviso foi dado por um parente da mulher, que morreu de causas naturais.
Em nota, a direção do Hospital Regional de Patos informou que abriu uma sindicância para apurar o caso de troca de corpos ocorrido no necrotério da unidade. Segundo a direção, o hospital “segue protocolos rígidos de identificação de corpos após atestado de óbito”, e que “não fugiu aos procedimentos a identificação” dos dois pacientes.
Jeová Ferreira Nunes tinha 50 anos e estava internado na UTI da unidade com suspeita de Covid-19. Ele morreu no domingo (10) e a família recebeu do hospital o caixão lacrado.
“Como não pudemos fazer o reconhecimento do corpo por ter sido suspeita de Covid e, com o caixão lacrado, respeitamos o protocolo de segurança e fizemos o sepultamento dele. A família que foi após a nossa recolher o corpo do seu ente querido que havia falecido de causas naturais estranhou o biotipo da pessoa e pediu [ao hospital] para fazer a conferência. Ao fazer isso, foi percebido que meu tio ainda estava lá. Eles comunicaram ao hospital e o hospital pediu para que não nos avisasse, para nos poupar deste sofrimento”, disse a sobrinha de Jeová, Thays Lira.
Ainda de acordo com Thays, a família da mulher disse que não poderia deixar o corpo de Jeová no hospital e o levaram até a funerária. “Eles fizeram todo o procedimento. Foram no cemitério onde fica o túmulo da nossa família, desenterraram e reconheceram que o corpo que estava lá era o do ente querido deles. Fizeram o sepultamento do meu tio de forma digna e em seguida levaram o corpo do ente querido deles para outro cemitério”, disse a sobrinha.
Na nota divulgada pelo hospital, ambas as mortes aconteceram no mesmo dia. A mulher estava na área vermelha do hospital e o homem no isolamento para Covid-19. “Em ambos os casos, a equipe de enfermagem seguiu a rotina e fez as identificações duplas, ou seja, tanto no próprio corpo, através de fitas adesivas, quanto no invólucro”, diz o texto da nota.
A direção do hospital diz ainda que a sindicância vai apurar os fatos até que não restem dúvidas sobre o acontecimento. O hospital também diz se solidarizar com as famílias dos mortos.
Do G1