A organização do “3º São Pedro de Todas as Cores”, que ocorreu em Caiçara neste sábado (18), além de resgatar tradições e homenagear destaques da sua cultura, realizou uma verdadeira exposição de obras de artistas plásticos caiçarenses que se destacaram até internacionalmente.
A programação teve início com apresentações de danças das escolas locais, seguidas do XV concurso de quadrilhas, que ganhou a denominação de “Maria Augusta”, uma pioneira dessa tradição na cidade. Na mesma noite houve o IV concurso de trios pé-de-serra, que passou a levar o nome de “Severino Salvador”, um mestre de gerações de forrozeiros. Ambos foram organizados pela equipe de vôlei “Caiçara Jovem”, com todo apoio da Prefeitura Municipal.
No domingo, as atrações se voltaram para o forró tradicional com “Forró das Marias” e “Niedson Lua”, além do “Forró de Cabo a Rabo” que tem como diferencial destacar em seu repertório sucessos da MPB e do pop rock em ritmo de forró e declamar belos poemas em meio às canções.
Porém, quem chegou à festa foi surpreendido por uma verdadeira exposição de arte em meio à belíssima decoração. Tratavam-se de 15 banners com obras de três famosos artistas caiçarenses: Hermano José, Luiz Tananduba e Domingos Sávio.
Segundo os organizadores, posteriormente os banners serão usados em aulas de artes, para decoração de prédios públicos e exposições.
Conforme o prof. Jocelino Tomaz, coordenador do Grupo Atitude, que há dez anos promove a leitura e a cultura na cidade, e foi um dos idealizadores do projeto juntamente com o Secretário de Administração Júnior Félix, a ideia era apresentar essas belas obras diretamente para o povão e divulgar esses renomados artistas que até então eram pouco conhecidos na cidade.
O artista Luiz Tananduba disse, segundo Jocelino, que nunca viu isso em seus 30 anos de arte, pois as obras se restringem às galeria e exposições, atingindo um público restrito. Também foram distribuídas 500 cópias de texto sobre os artistas caiçarenses.
A ARTE DE CAIÇARA PARA O MUNDO
Hermano José (1922-2015)
Um dos maiores nomes da arte paraibana viveu em Caiçara até seus 12 anos. Teve seu talento reconhecido em João Pessoa, especializou-se em Paris (França) e depois fez carreira no Rio de Janeiro. Foi muito premiado nacional e internacionalmente. Suas obras abrilhantaram muitas bienais no Brasil e no exterior. Em 1962 foi eleito o melhor do mundo no estilo gravura em metal. Ao voltar para a Paraíba, em 1976, passou a ser professor da UFPb, tendo fundado a pinacoteca da instituição. Foi mestre de várias gerações de artistas. Militava em prol da ecologia, da cultura e da preservação do patrimônio histórico. Também publicou poesias, inclusive sobre Caiçara. Tem obra em exposição permanente no museu de Nova York.
Luiz Tananduba (1972)
Nascido na zona rural de Caiçara, aos nove anos foi adotado pelo tio, o grande artista paraibano Alexandre Filho. Desenvolveu porém um estilo próprio na chamada “Arte Naif” e sua obra passou a ser mais conhecida após o apoio dado pelo artista caiçarense Hermano José. Hoje ele é um dos grandes naifs do Brasil. Suas obras geralmente retratam o meio rural que viveu em Caiçara e são de um colorido e de uma ingenuidade fascinantes. O livro Arte Popular Brasileira (2011) dedicou seis páginas a sua obra. Já participou de várias exposições nacionais. Uma obra sua ilustra capa de livro na Argentina. Em 2015 o artista, que vive em João Pessoa, completa 30 anos de pintura.
Domingos Sávio (1960)
O caiçarense Domingos Sávio Alves Vieira, atua em vários gêneros, é pintor, chargista, ilustrador e xilogravador. Autodidata, após participar com sucesso de concursos de desenho, passou a colaborar com quadrinhos para o suplemento “O Pirralho”, do jornal “A União”. Em seguida passou a ilustrar o suplemento literário “Correio das Artes”, até tornar-se ilustrador oficial do jornal. Participou de várias exposições na Paraíba, Pernambuco e São Paulo. Ilustrou, dentre outras, a capa da edição histórica do catálogo telefônico (Telpa/Listel) e do livro “Caiçara, Caminhos de Almocreves”.