“Ela não apanhou, mas deveria!” Fala misógina do presidente da Câmara de Jacaraú recebe repúdio por incitação à violência contra mulher

Uma fala violenta e misógina do presidente da Câmara Municipal de Jacaraú, vereador Genésio Pessoa (PSB) causou revolta entre parlamentares, movimentos feministas e a população local. Durante sessão realizada nessa sexta-feira (9), o vereador, para negar que uma suposta agressão a uma cidadã da cidade não ocorreu nas dependências da Câmara disse: “ela não apanhou, mas deveria!”, provocando imediato repúdio pela clara incitação à violência contra uma mulher.  

Entenda o caso

Tudo começou quando uma servidora pública municipal denunciou em suas redes sociais que exames oftalmológicos feitos por uma Ótica em parceria com Câmara de Jacaraú não eram gratuitos, como anunciavam. De acordo com a servidora, ela fez o exame e foi impedida de receber a receita para fazer os óculos em outro lugar. “Se a gente só pode fazer os óculos nessa Ótica, então o exame não é gratuito”, disse. Ainda segundo a servidora, foi nesse momento que a atendente da Ótica a teria supostamente agredido. Ela disse ainda que foi expulsa do local e impedida de retornar.

Durante a sessão, um cidadão usou a tribuna livre para denunciar a agressão à servidora. Foi quando na defesa da atende da Ótica, o parlamentar fez a repulsiva declaração: “Ela não apanhou, mas deveria!”.

A declaração, feita em tom irônico e agressivo, escancara o machismo presente no discurso de ódio contra mulheres, num país onde os dados da violência de gênero são alarmantes. De acordo com a Rede de Observatórios da Segurança  uma mulher é vítima de feminicídio a cada 17 horas. Na Paraíba, apenas no primeiro trimestre de 2025, 12 mulheres já foram assassinadas.

A fala do vereador é inaceitável, vergonhoso, reforça a cultura da violência e representa um grave atentado contra os direitos e a integridade de todas as mulheres. Especialistas alertam que declarações como essa são típicas da violência de gênero, que busca silenciar e desmoralizar mulheres, principalmente quando exercem o direito de se manifestar.

O caso também levanta o debate sobre a necessidade urgente de formação ética e política nas casas legislativas, além de ações concretas contra a cultura da violência institucionalizada.

Após a repercussão imediata dos presentes na sessão, o vereador usou a palavra para se desculpar e dizer que a fala aconteceu “no calor do momento, uma fala infeliz”.

É importante ressaltar que tal pronunciamento feito em uma Casa  Legislativa, não é apenas uma “fala infeliz”. É uma ameaça! Pois quando uma autoridade diz que uma mulher “deveria ter sido agredida”, ele está legitimando a violência como forma de silenciamento, e isso é criminoso.

A pergunta que fazemos é: Quais providências as autoridades jacarauenses, sobretudo as parlamentares mulheres, tomarão para que o presidente da Casa Legislativa seja responsabilizado pelas suas declarações?

Aqui fica nosso total repúdio a fala do vereador Genésio Pessoa, que, além de repugnante, fere os princípios básicos da ética pública e da dignidade da pessoa humana. Um ato de violência simbólica e institucional, inaceitável para alguém que ocupa uma função pública.

A luta das mulheres é para que discurso de ódio e violência como este não encontrem mais espaço, especialmente dentro das instituições democráticas. Esse tipo de comportamento não pode mais ser naturalizado. Machismo não é opinião. É violência!

Até o fechamento desta matéria, a Câmara Municipal de Jacaraú ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre o caso.

Assista o vídeo:

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Pery Camilo

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