O acendimento da tocha olímpica aconteceu nesta quinta-feira nas ruínas da antiga Olímpia, uma cerimônia tradicional na qual se invoca o deus Apolo e se entrega a chama ao primeiro portador, que começa seu percurso pela Grécia antes de partir para o Brasil, país sede da competição nem agosto deste ano.
Cercada de uma rica coreografia, a atriz Katerina Lehú em seu papel de Grande Sacerdotisa de Olímpia, rodeada de outras sacerdotisas e virgens vestais, acendeu a chama utilizando um espelho parabólico que desvia e concentra os raios do sol.
A chama olímpica só pode ser acesa com raios solares e, embora exista um plano de contingência, por sorte o dia em Olímpia foi ensolarado e não houve nenhum problema para realizar a cerimônia.
As sacerdotisas levaram o fogo e três galhos de oliveira até o antigo estádio olímpico, onde realizaram uma dança em representação das antigas modalidades olímpicas, e a Grande Sacerdotisa entregou o fogo e um ramo de oliveira ao primeiro portador da tocha, o ginasta Lefteris Petrunias.
Petrunias levou a tocha ao monumento a Pierre de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos modernos, e depois a entregou ao portador seguinte, o ex-jogador de vôlei brasileiro Giovane Gávio, representante do Brasil, país anfitrião dos Jogos.
A tocha fará seu périplo pela Grécia durante seis dias, até chegar ao estádio Panatinaico, sede dos Jogos de Atenas de 1896, e no dia próximo dia 27 viaja rumo ao Brasil.
O fogo olímpico passará antes pelo campo de refugiados de Eleonas, no oeste de Atenas, onde um refugiado sírio, cujo nome não foi revelado, fará um dos revezamentos e levará a tocha em nome de todos os refugiados.
Segundo antecipam alguns veículos de comunicação citando fontes das Nações Unidas, o portador é um atleta sírio, antigo jogador de basquete e nadador, que fugiu de seu país após perder uma perna em um bombardeio.
De acordo com estas informações, o ex-desportista pediu asilo na Grécia e agora trabalha em uma cafeteria em Atenas.
A celebração começou com o hasteamento das bandeiras olímpica, brasileira e grega, e os discursos do prefeito de Olímpia e dos presidentes dos comitês olímpicos internacional, brasileiro e grego.
As autoridades dos diferentes comitês olímpicos insistiram na universalidade dos Jogos, que este ano acontecem entre os dias 5 e 21 de agosto no Brasil.
“Apesar das dificuldades que o Brasil está enfrentando hoje em dia, a chama é uma lembrança eterna de que todos somos parte da mesma humanidade. A chama é um antigo símbolo de paz e harmonia, um símbolo do poder da humanidade para se unir apesar de suas diferenças”, disse Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, no discurso pronunciado antes do acendimento da chama.
“Os Jogos Olímpicos pertencem a todos os povos, a todos os continentes, a toda a humanidade” disse Carlos Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, orgulhoso de receber os primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul.
O acendimento da chama na Grécia acontece em um momento marcado especialmente pelas crises de refugiados e econômica.
“A chama olímpica transporta um legado transcendental e valioso desde a antiguidade até nossos tempos, enquanto envia mensagens de amizade e paz entre as pessoas, ressaltando os valores atemporais do movimento olímpico que todos compartilhamos. Hoje em dia especialmente na atual situação mundial é imperativo derrubar os muros que nos separam, e construir pontes para unir as pessoas, em paz e harmonia”, ressaltou Spyros Capralos, presidente do Comitê Olímpico Grego.
“Hoje, mais do que nunca, em uma época na qual as guerras ainda deixam as pessoas sem país e os atletas sem bandeira, a mensagem dos Jogos Olímpicos de paz e irmandade entre os povos é importante e imperiosa”, disse Efthimios Kotzas, prefeito de Olímpia.
A tocha olímpica começa assim hoje sua viagem, transportando seus valores até o estádio do Maracanã, onde se realizará a inauguração da Rio 2016 no próximo dia 5 de agosto.
Da EFE