Fred tem peso técnico, a ponto de ser referência dentro de campo desde 2009 no Fluminense. Reúne todos os quilates de ídolo, o jogador mais amado pela torcida e ícone das recentes conquistas. Cacife político capaz de protagonizar crise com treinador e deixar o presidente em compasso de espera. E, claro, alto custo. Até o fim do contrato, em 31 de dezembro de 2018, o centroavante ainda vai consumir R$ 34 milhões – um empréstimo a outro clube até o final do ano, por exemplo, representaria economia de R$ 7,8 milhões. Não à toa existe uma corrente nas Laranjeiras que vê com bons olhos a saída do camisa 9, cuja multa rescisória é de 5 milhões de euros (R$ 20,1 milhões), após a insatisfação com o técnico Levir Culpi.
O “custo Fred” volta e meia gerou polêmica. Contratado com ajuda da Unimed, que pagava parte dos direitos de imagem, o jogador chegou em março de 2009 com vencimentos R$ 460 mil. No auge dele e da antiga parceira, após o título brasileiro de 2012, subiu a R$ 1 milhão. Valor que ocasionou atrasos. O maior deles, revelado ao final de 2014 pelo jogador, de 20 meses – referente à parte que cabia ao clube dos direitos de imagem. O que gerou necessidade de muita criatividade na gestão Peter Siemsen.
Para manter o astro, no rompimento com a cooperativa de médicos, no começo de 2015, o Flu quitou a pendência com parte do dinheiro da venda de Conca ao Shanghai Dongya, da China, por R$ 9,2 milhões. Foi a maneira que Mario Bittencourt, então vice de futebol, encontrou de recuperar a confiança do atleta na negociação de renovação de contrato. Vale lembrar que Fred era o único atleta do elenco que não havia entrado no acordo de quitação dos atrasados feita por Ricardo Tenório, vice de futebol no começo do ano anterior – o atleta aceitou receber depois por ter o maior valor em débito. A ideia tricolor era lucrar em possível venda após a Copa do Mundo e, com isso, quitar a dívida. Não aconteceu dado o fracasso da Seleção.
Não bastava pagar o atrasado. Era preciso mostrar garantias das condições de pagamentos do presente. Então, ao acertar patrocínio com a Frescatto, o Flu destinou grande parte do que recebia da empresa a Fred. Houve a renovação até 2018, com vencimentos de R$ 800 mil, metade de salário na CLT, metade em direitos de imagem. E multa rescisória de R$ 20,1 milhões. São 35 meses até o fim do acordo, contanto 13º salário e encargos.
Agora, com a incompatibilidade entre treinador e jogador, a economia que a saída de Fred poderia gerar é vista com bons olhos por parte de alguns tricolores – não há oferta oficial, mas interesse de clubes como São Paulo, Palmeiras, Internacional e Atlético-MG apresentados por intermediários. O Flu, desde o começo do ano, tem necessidade de reduzir despesas, o que ocorreu em grande parte com a saída inesperada de Diego Souza. Manter os salários em dia, o que ocorre atualmente, e os pagamentos à construção do CT é o desafio.
Fred se reapresentou na terça-feira, após ter sido liberado no sábado, alegadamente para resolver problemas particulares. Ele se desentendeu com Levir Culpi, no intervalo do jogo com o Madureira. Peter espera que o jogador reflita. Até ter solução para o caso, o atleta treinará em separado. A começar por esta quarta.
Do Globo Esporte