Uma adolescente de 17 anos teve parte do intestino retirado durante uma cirurgia para reparar um possível erro médico cometido em um parto cesáreo realizado na Maternidade Doutor Peregrino Filho, no município de Patos, Sertão paraibano. Segundo ela, o médico deixou uma compressa cirúrgica dentro da barriga dela após o parto. A unidade de saúde informou que vai abrir uma sindicância para apurar o caso. O Conselho Regional de Medicina orienta que, em casos como esse, o órgão deve ser acionado pelo paciente.
De acordo com Maria das Dores Dantas, tia da adolescente, a jovem deu entrada na maternidade no dia 9 de novembro. Na unidade, ela passou por uma cesariana e, dias depois, recebeu alta sem se queixar de dores pós-parto. “Foi tudo normal. Ela fez o pré-natal, foi cirurgiada e depois foi para a casa dos pais em Cacimba de Areia, próximo a Patos.
Começou a se queixar de dores do lado direito da barriga e um certo inchaço 40 dias depois. Foi para João Pessoa, pra casa do esposo dela, e quando voltou já estava pior. A barriga estava vermelha mesmo”, disse.
Maria das Dores voltou à maternidade Doutor Peregrino Filho com a sobrinha em fevereiro e ela passou 15 dias internada tomando antibióticos, mas sem nenhuma melhora. Segundo a tia, a jovem passou por exames de imagem que, segundo o relato dos médicos à família, não mostravam nenhuma anormalidade.
“Eles só diziam que estava tudo bem, tanto em exames feitos na maternidade como feitos em clínicas particulares. Decidimos tirá-la da maternidade mesmo contra a ordem médica. Viemos direto para o Hospital de Emergência e Trauma em Campina Grande no dia 29 de fevereiro”, explicou Maria.
Após passar por um exame de tomografia no Hospital de Emergência e Trauma, os médicos detectaram “uma massa estranha” na barriga da paciente. “Os médicos em Patos não encontraram nada porque só fizeram ultrassons pélvicas, e a infecção era no intestino, as gazes usadas no parto não foram retiradas e grudaram lá”, disse a tia.
A cirurgia para retirada do corpo estranho foi realizada por dois médicos no dia 3 de março. A compressa estava perfurando o intestino dela e o local estava infeccionado, os médicos tiveram que retirar parte do órgão. Ela passou oito dias na unidade.
Família vai à Justiça
A família buscou um advogado e deve entrar com um processo contra a maternidade alegando erro médico. A adolescente passa bem, embora ainda tenha algumas limitações para cuidar de seu primeiro filho. “Ela não se alimenta direito, mas à vista do que ela passou, posso dizer que ela está até curada. Foi um milagre”, ressaltou Maria das Dores.
“A gente vai acionar a Justiça não apenas pela reparação dos danos, mas para que outras pessoas não passem pelo que ela passou. Minha sobrinha quase morre. Se ao menos o hospital tivesse reparado o erro, mas nem isso. Pelo contrário, ela teria morrido lá, se tivéssemos esperado”, afirmou o familiar.
Em nota, a assessoria de comunicação da maternidade alegou que uma sindicância vai ser aberta para apurar o caso. “A direção da Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos, imediatamente após tomar conhecimento do teor da denúncia que envolve a jovem instaurou sindicância para apurar o fato relatado. O diretor geral da Maternidade, Odir Borges Pereira Filho, que examinou a paciente em janeiro deste ano esclarece que, na ocasião, foi solicitado novos exames, além da ultrassonografia que foi feita, mas os familiares da jovem preferiram transferir a paciente antes que eles pudessem ser realizados”, dizia a nota.
Do Jornal Correio da Paraíba